sábado, 14 de novembro de 2015

Um dia difícil de esquecer

Chegou o dia da realização do outro ultrassom. Meu coração estava pequenininho, mas confesso que ainda queria acreditar que tudo não fosse um engano e que, na verdade, meu bebê não tinha nada. Meus pais foram comigo à clínica e aquilo me dava a real noção o quanto aquilo era sério. Filha de pais separados que sou, desde a infância, sei perfeitamente que eles se reunem somente nos momentos marcantes da vida, sejam eles de alegria ou de tristeza. Ao entrar no consultório, a médica fez questão de mostrar simpatia, mas o meu receio é que aquele comportamento fosse uma tentativa de disfarçar a apreensão que talvez ela estivesse sentindo, já que tinha acesso aos dados do ultrassom anterior do meu bebê. Ao começar o exame, era nítido o desconforto sentido por ela diante das imagens. Eis que ela diz para eu sentar junto com meus pais para falar a sua hipótese. Ela começou a falar que as alterações estruturais eram evidentes, indicativo de síndromes severas, que o bebê certamente iria à óbito intraútero e mais alguns detalhes dos achados do exame de imagem. Naquele instante, não sabia nem o que pensar. Só queria sair de lá, junto com o meu filho, e verificar que estava diante de um pesadelo. Liguei para o meu marido para falar o resultado do exame e depois disso não tinha mais condições de raciocionar nada. Ao chegar na casa da minha mãe, deitei na cama que tinha sido minha desde a infância, deitei e deixei as lágrimas escorrerem. Cada lágrima representava sofrimento, medo, desespero, impotência e incerteza quanto ao futuro. Não conseguia nem rezar tamanho era a confusão na minha mente. Ainda sim, pedia a Deus que estivesse comigo e com meu pequeno naquele dia difícil de esquecer.

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