sábado, 16 de julho de 2016

Um pingo de esperança

Após este último exame que nos tinha dado tanto desespero, parece que eu passei viver em um estado de quase anestesia. É estranho pensar, mas há momentos que o sofrimento é tão intenso que se torna praticamente impossível pensar nele. Se eu continuasse ter a real noção do que aquele exame morfológico poderia indicar, talvez realmente não teria conseguido. Este exame simplesmente iria mostrar se o meu filho tinha outras má formações além daquela que tinha sido apontada no exame inicial e isto realmente poderia indicar se ele teria chance ou não de sobreviver. Aqueles minutos na sala de espera parecia uma eternidade. Me recordo que quando o médico me chamou para o exame, meu coração parecia que iria parar. Impossível concatenar qualquer pensamento naquele momento, impossível organizar alguma oração que pudesse amenizar a aflição que estava meu coração. Após verificar detalhadamente o exame, o médico disse que não tinham sido verificadas outras alterações e que meu filho tinha cerca de 90% de chance de sobrevida. Meu coração queria ficar aliviado e acreditar que o pior já tinha passado, mas infelizmente eu não conseguia. Algo me dizia que o final da  estória ainda não tinha chegado. Após o exame, conversamos com uma psicóloga que falou que iria nos acompanhar nas outras consultas e que foi bastante gentil para aquele momento tão difícil. 

domingo, 19 de junho de 2016

O quanto uma pessoa aguenta sofrer?

Neste tempo de espera das 4 semanas para conseguir fazer o exame morfológico, tentava fazer o máximo de atividades possível para distrair a minha cabeça e o tempo passar. Estranho falar, mas neste período, a minha mente ficou tão inquieta que tinha dificuldade de concatenar os meus pensamentos para conseguir rezar. Aliás, esta ainda é uma dificuldade que continua, logicamente mais amenas, depois de 12 meses do ocorrido. Durante este período, fui informada que se quisesse fazer o acompanhamento em um ambulatório especializado em má formações fetais, teria que passar por uma consulta inicial, com o intuito de relatar o histórico da gestação para, só então conseguir fazer o exame morfológico com a equipe que eu desejava ser atendida. Como parecia ser uma consulta simples, somente para passar algumas informações para os médicos, optei por ir sozinha. Assim, fiz a viagem e fui a consulta. Ao relatar o ocorrido e os exames já realizados a médica parecia desconhecer alguns dos exames que eu tinha realizado. No final da consulta, falou que naquele dia mesmo, eu deveria fazer um ultrassom de rotina. Na hora que ela falou isso, por todos os medos que eu já tinha passado e também por estar sozinha, o meu coração parecia que iria sair pela boca. Mas ela falou que realmente eu precisava fazer. Então fui eu fazer o ultrassom e a indelicadeza do médico conseguiu superar todas as minhas expectativas. Começou olhando as imagens do ultrassom quando me fala que o meu filho não mexia as mãozinhas durante o exame e que aquilo era indício de uma síndrome muito grave. Ele falou sem nenhum cuidado de imaginar que por trás daquele exame tinha uma mãe aflita que só pedia a Deus que seu filho estivesse bem. Naquele momento comecei a pedir a Deus que meu filho mexesse a mãozinha naquele exame, mas infelizmente, não ocorreu. Ao sair da sala de exame, vivenciei uma cena que acredito que jamais será apagada da minha mente. Era uma sala de espera com aproximadamente cem cadeiras e que naquela hora da noite já estavam todas vazias. Não consigo imaginar um momento da minha vida em que tive tanto a sensação de solidão e desespero juntos, parecia que só existia no mundo eu e meu filho e a vontade imensa de desaparecer ou de ter a certeza de que aquilo só poderia ser um pesadelo. Naquela mesma hora, liguei para o meu marido e relatei o ocorrido. Não teria como retornar aquele dia para casa e em questão de minutos ele conseguiu por telefone um lugar para eu me hospedar. Dentro do hotel, eu só conseguia chorar, tentava encaixar as peças daquele pesadelo e pedir a Deus que não fizesse meu filho sofrer. Parecia mesmo que eu tinha chegado no limite da minha dor e que não aguentava mais tanto sofrimento.  

sábado, 7 de maio de 2016

Dia das mães de um anjo

Uma dor que dilacera e corrói a alma cada vez que tomo conto que, diferente do ano passado, você não estará mais aqui fisicamente. Uma situação que nunca imaginei passar e garanto que, ao não ser as pessoas que também são mães de anjos, conseguem sequer calcular a dor. Talvez o único fator que talvez alivie é pensar que certamente iremos nos encontrar novamente.
Filho, você foi, é e será  sempre muito amado, um amor que jamais imaginei sentir. Um amor que, nem por um segundo tive dúvida de que valeria abrir mão da minha própria vida para garantir a sua. Mas Deus e os espíritos não quiseram assim. Eles quiseram que você fosse para outro plano, para ficar livre de todo o sofrimento que passaria aqui. Se Ele te poupar da dor, tenho que ser imensamente grata e dizer que Ele foi misericordioso. Contudo, é doído demais, pensar que você não está aqui fisicamente. Imaginar que, neste dia das mães, não poderei sentir o seu cheiro, não poderei te escutar. 
Filho, continue sempre comigo. Eu sinto a tua presença em todos os momentos e te amo incondicionalmente. Até breve!!!

sexta-feira, 25 de março de 2016

E o tempo de espera continua ...

Assim que recebemos o resultado do exame genético, como normal, não posso negar que o meu coração ficou mais ameno. Contudo, ainda restava fazer o ultrassom morfológico para verificar se tinha alguma anormalidade que não foi possível de ser detectada no exame genético. Só que para realizar este tipo de exame, o ideal é que a mãe esteja na décima oitava semana de gestação. Assim, só nos restava esperar para realizar tal exame e pedir toda a ajuda da espiritualidade para conseguir suportar este tempo. Algo muito complicado na época para mim era saber que se ficasse ansiosa demais, poderia prejudicar, de alguma maneira, meu filhinho, contudo era impossível me manter calma. No dia que finalmente chegou na décima oitava semana, fui fazer o exame. Aqueles minutos na sala de espera pareciam insuportáveis, uma vez que dependendo do resultado, nossas vidas seriam completamente transformadas. Após umas duas horas de espera, eis que chega a enfermeira e me fala que o exame não poderia ser realizado naquele dia pois tiveram muitos casos de urgência naquele dia, sendo necessário desmarcar os demais exames. E o pior é que a remarcação seria somente após 1 mês, ou seja, aquela espera que parecia interminável seria adiada por 4 semanas. Meu coração ficou imensamente aflito, pedia a Deus para me ajudar mais uma vez, porque por vários momentos achava que definitivamente não conseguiria suportar. Contava as horas, os segundos, daquelas longas 4 semanas. Só não sabia que antes que se completasse estas 4 semanas, outro susto viria para nos desestabilizar ainda mais...