domingo, 6 de dezembro de 2015

Céu azul após a tempestade

Diante do desespero causado pelos exames anteriores, optamos por marcar mais um exame, agora em uma instituição especializada em má formação fetal. Assim, logo um dia após daquele exame, estava eu novamente em um ônibus rumo à cidade na qual faria este acompanhamento mais especializado. Por um lado, tinha que agradecer o fato de ter conseguido este novo exame tão rapidamente, pois, em menos de 24 horas, em função da ajuda de inúmeros amigos, foi possível fazer esta marcação. 
Por outro lado, tinha consciência de que poderia definitivamente confirmar que não estava nada bem com meu pequenino amor. Me recordo que, dentro daquele ônibus na qual a viagem duraria cerca de quatro horas, sentia essencialmente medo. Medo do futuro, medo das notícias e medo de perder meu bebê. Continuava não conseguindo rezar, tamanho era o medo que rondava a minha mente. Ficava pensando como tudo na vida poderia ser transformado em questão de horas. 
Ao entrar no hospital para fazer novo exame, agora com os maiores especialistas do nosso país na área, meu coração estava tão acelerado e minha boca tão seca que mal consegui disfarçar a minha feição para os médicos. Falei um boa tarde tímido e deitei para iniciar o exame. Eram cerca de dez médicos na sala, todos olhando para as imagens do meu bebê no monitor, era um olhar tão atento que eu não conseguia decifrar o que queriam dizer. 
No final do exame, ainda todo mundo em silêncio, os médicos me pedem o exame que fiz no dia anterior para analisar. Após alguns minutos, mas que para mim e para meu marido pareciam eternidades, os médicos me dizem que na visão deles o exame anterior estava incorreto e que, naquele momento, o que eles poderiam me dizer é que meu bebê tinha uma abertura de parede abdominal isolada, ou seja, nenhuma outra má formação associada. Isso para nós era um grande alívio pois, apesar de ser uma condição delicada, ainda sim era um bebê viável, principalmente estando em um centro especializado como aquele. 
Naquele momento, meu coração queria acreditar que tudo não tinha passado de um pesadelo e que haveria sim um céu azul após a tempestade.

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