segunda-feira, 9 de novembro de 2015

O primeiro susto

Os dias iam passando aparentemente como qualquer outra gravidez, com os enjoos frequentes e muito sono. Ao mesmo tempo, o sentimento de se tornar mãe ficava a cada dia mais intenso. Era inevitável, ao longo do dia ou da noite, que me pegasse pensando ou fazendo planos em tudo o que estava por vir. Eis que chega o dia do segundo ultrassom no qual poderíamos ver de uma forma mais detalhada o nosso pequeno. No momento em que o exame iniciou aparentemente tudo ia bem, até o momento que a médica comentou que a parede abdominal ainda não tinha fechado. 
A minha pergunta imediata era se aquilo era normal. A médica disse que poderia ser, uma vez que o fechamento da parede abdominal poderia ocorrer até a décima segunda semana de gestação. Contudo, caso não houvesse o fechamento até este período, poderia ser indício de alguma má formação. De uma forma nada preparada para uma profissional da área médica, ela fala para mim e meu marido: "Sabe aqueles bebês que nascem com a barriga aberta? Então, caso não ocorra o fechamento até a décima segunda semana, seu bebê nascerá assim. Espere o próximo ultrassom para verificar a evolução". Naquele momento, não conseguia ouvir mais nada do que ela disse. Só consigo pensar o quão pouco aptos são alguns profissionais para lidar com o outro. Talvez ela não tenha e nunca terá a noção do impacto que aquela fala teve sobre nós. Infelizmente existem profissionais assim. Mal nós sabíamos que este não seria o único profissional com postura semelhante na nossa trajetória. 
Saímos da clínica meio atordoados com a notícia, mas ao mesmo tempo torcendo para que não fosse nada mais do que um atraso no desenvolvimento do nosso bebê. Chegando em casa, ao colocar na internet as características observadas no nosso bebê, o prognóstico não era nada promissor. Tentava manter a calma, mas de não podia ficar parada esperando o próximo ultrassom. Marquei um próximo exame, em outra cidade, com uma médica que era considerada muito boa, especialista na área. A espera de 5 dias foi de muita apreensão e receio. Em alguns momentos, confesso que me faltava o mínimo de concentração necessária para rezar, tamanha a minha aflição. Lembro que, ao entrar no avião em direção a outra cidade para realizar o exame, eu só pedia a Deus para que tudo não passasse de um susto. O fato é que a sequência de sustos estava só começando.

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